Militante xiita histórico, xeque assume grupo libanês após a morte de Nasrralha e de Safieddine, favorito para assumir o cargo
O vice-secretário-geral do Hezbollah, xeque Naim Qassem, eleito chefe do grupo armado libanês nesta terça-feira (29), é uma figura importante no movimento apoiado pelo Irã há mais de 30 anos.
Falando diante das cortinas de um local não revelado em 8 de outubro, Qassem disse que o conflito entre o Hezbollah e Israel era uma guerra sobre quem chora primeiro, e o Hezbollah não choraria primeiro. As capacidades do grupo estavam intactas, apesar dos “golpes dolorosos” de Israel.
Mas ele acrescentou que o grupo apoiava os esforços do presidente do parlamento Nabih Berri – um aliado do Hezbollah – para garantir um cessar-fogo, omitindo pela primeira vez qualquer menção a um acordo de trégua em Gaza como pré-condição para interromper o fogo do grupo contra Israel.
Seu discurso televisionado de 30 minutos ocorreu poucos dias depois que Hashem Safieddine, figura sênior do Hezbollah, foi considerado alvo de um ataque israelense e 11 dias após o assassinato do secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah.
O assassinato de Safieddine foi confirmado pelo Hezbollah em 23 de outubro.
Qassem foi nomeado vice-chefe em 1991 pelo então secretário-geral do grupo armado, Abbas al-Musawi, que foi morto por um ataque de helicóptero israelense no ano seguinte.
Qassem permaneceu em seu papel quando Nasrallah se tornou líder e há muito tempo é um dos principais porta-vozes do Hezbollah, conduzindo entrevistas com a mídia estrangeira, inclusive enquanto as hostilidades transfronteiriças com Israel se intensificavam no último ano.
O discurso televisionado de Qassem em 8 de outubro foi o segundo desde que as hostilidades entre Israel e o Hezbollah se intensificaram em setembro.
Ele foi o primeiro membro da liderança do Hezbollah a fazer comentários televisionados após a morte de Nasrallah em um ataque aéreo israelense nos subúrbios do sul de Beirute em 27 de setembro.
Falando em 30 de setembro, Qassem disse que o Hezbollah escolheria um sucessor para seu secretário-geral morto “na primeira oportunidade” e continuaria a lutar contra Israel em solidariedade aos palestinos.
“O que estamos fazendo é o mínimo… Sabemos que a batalha pode ser longa”, disse ele em um discurso de 19 minutos.
Nascido em 1953 em Beirute em uma família do sul do Líbano, o ativismo político de Qassem começou com o Movimento Amal Xiita Libanês.
Ele deixou o grupo em 1979 após a Revolução Islâmica do Irã, que moldou o pensamento político de muitos jovens ativistas xiitas libaneses.
Qassem participou de reuniões que levaram à formação do Hezbollah, estabelecido com o apoio da Guarda Revolucionária do Irã em resposta à invasão israelense do Líbano em 1982.
Ele foi o coordenador geral das campanhas eleitorais parlamentares do Hezbollah desde que o grupo as disputou pela primeira vez em 1992.
Em 2005, ele escreveu uma história do Hezbollah vista como uma rara “visão privilegiada” da organização. Qassem usa um turbante branco, diferente de Nasrallah e Safieddine, cujos turbantes pretos denotavam seu status como descendentes do Profeta Muhammad.
Fonte: CNN Brasil