Apesar de lucro em alta, Enel registra piora no índice de qualidade de serviço
Após ser responsabilizada pelo apagão de mais de 5 dias na maior capital da América Latina, a Enel São Paulo divulgou nesta segunda-feira (28) um lucro líquido de R$ 330,2 milhões no terceiro trimestre deste ano — alta de 58,6% na comparação com o ano passado.
No acumulado de nove meses, o lucro da distribuidora atingiu R$ 819,7 milhões, queda de 27,2% na comparação anual.
Enel mostra piora da qualidade de serviço
No terceiro trimestre, a Enel registrou uma piora em seu índice de qualidade de serviço no que diz respeito à Duração Equivalente de Interrupção Por Unidade Consumidora (DEC) — o indicador mostra o tempo médio em que os clientes ficaram sem energia elétrica —, que alcançou 6,73 horas, 7,4% acima das 6,27 horas anotadas um ano antes, mas ainda abaixo do limite regulatório de 7,12 horas.
A empresa explicou que o crescimento reflete principalmente os eventos climáticos ocorridos em novembro e no início do ano, além das interrupções no fornecimento de energia ocorridos no início do ano na região central da cidade de São Paulo. Não foi contabilizada a ocorrência de 11 de outubro, quando 3 milhões de unidades consumidoras ficaram sem energia, em muitos casos por dias.
Já o indicador de Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) teve ligeira melhora, passando de 3,34 vezes para 3,30 vezes no período comparado.
Principais linhas do balanço
O Ebitda entre julho e setembro somou R$ 1,04 bilhão, com aumento de 13,3% em relação ao mesmo período de 2023 e margem Ebitda de 19,3%. A melhora foi atribuída a um maior ativo financeiro setorial e à venda de energia no curto prazo, além da queda em despesas operacionais, com destaque para a redução de 64,3% na Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD), impulsionada pelo índice de arrecadação de 99,63%.
Em termos de receita, a Enel SP reportou R$ 5,41 bilhões no terceiro trimestre, alta de 12,7% na base anual, refletindo maior volume de vendas no mercado livre e preço de referência mais elevado. Enquanto o mercado cativo recuou 1,9%, a venda para clientes livres subiu 12,7%, atingindo 3.672 GWh.
A empresa reportou R$ 4,6 bilhões em custos e despesas operacionais, uma alta de 12,6%, puxada pelo aumento na compra de energia para revenda. Nos custos gerenciáveis, sem a inclusão de construção, houve queda de R$ 11,3 milhões.
Enel acumula R$ 400 milhões em multas, mas bate valor recorde
Em reportagem há duas semanas, o Monitor do Mercado mostrou como a Enel atingiu o seu maior valor de mercado em três anos na bolsa de valores italiana, onde está listada, em meio aos 220 mil imóveis sem energia em São Paulo. Nesta segunda (28), as ações da empresa são negociadas a 7,24 euros, ampliando ainda mais os ganhos.
A Enel é a segunda maior empresa italiana em valor de mercado, com US$ 80,8 bilhões, perdendo somente para a Ferrari, que lidera com US$ 87,9 bilhões.
Desde que a distribuidora começou a operar em São Paulo, em outubro de 2018, ela acumula aproximadamente R$ 400 milhões em multas impostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Procon. As penalidades, segundo o jornal Estadão, vão desde falhas no fornecimento até atendimento inadequado aos consumidores.